Juarez – Continuando o nosso assunto sobre família, sobre Constelação Familiar, sobre tradição familiar, com especialista Luciene Wolff, com muita alegria vamos comentar um pouquinho sobre o que o Instituto Morada das Tradições oferece no sentido de formação, de atendimento clínico porque temos especialistas nas áreas, especialmente, Lucilene Wolff.

Lucilene – Então, eu poderia colocar que o próprio Instituto é um sistema familiar. Nós aprendemos juntos, nós estudamos juntos, nós trabalhamos juntos, sob o guarda-chuva de 19 tradições que estudamos. Então, essa família, esse nosso grupo, esse nosso sistema, tem uma forma de trabalho, uma forma como nós oferecemos os nossos trabalhos e, dentre esses, surge o trabalho que eu ofereço aqui, que se chama Genealogia das Relações. Eu poderia falar um pouquinho dele, porque nasceu aqui dentro do Instituto onde nós oferecemos a possibilidade tanto de formação para alguém que queira trabalhar com esse olhar sobre o sistema familiar, como para você participar, para entender as tuas relações onde comparamos a nossa história. O indivíduo, não é Juarez, ao contar a sua história, ao rever o que lhe aconteceu, ao rememorar e o porquê foi aquela memória que trouxe, dentro de um trabalho muito bem estudado, muito bem elaborado, vai tendo consciência das suas experiências. Então, ‘por que me aconteceu tal fato’? Muitas vezes o que a nossa memória grava não foi o fato, exatamente como aconteceu, mas o porquê eu rememoro ele agora e por que eu o trago para esse contexto. O que eu poderia fazer para que aquilo que me constitui, essa minha experiência, agora olhada de uma outra forma, vista sob outro ângulo, contribua para minha vida atual. Porque isso é a consciência da experiência pela qual a gente passou. Isso, como nós sabemos, se chama, na Cabala, amor. Porque eu só posso me apropriar da minha história, no momento que eu olho para ela e dou um significado para agora. De que me adianta ficar chorando? Se aquele fato aconteceu, era o melhor que poderia ter acontecido para que você possa fazer a transformação neste momento. Então, neste curso Juarez, nós buscaremos isso: que a pessoa reviva, tanto a sua história pessoal como a história dos seus antepassados porque quantos talentos não tem na minha família, quantos talentos eu tenho em mim, utilizaremos esses recursos que a cabala nos fornece, de olhar para aquilo e fazer agora, construir o meu papel no mundo.

Juarez – Em nosso modelo psíquico, Lucilene, muitas vezes nós também geramos ideias de situações que vivenciamos e que, dentro do nosso trabalho de autoconhecimento, nós chegamos a identificar, com consciência, com clareza, que dessas ideias, dessas memórias, muitas coisas não aconteceram. Muitas coisas aconteceram parcialmente e o restante, sem querer e sem perceber, nós inventamos e levamos para a vida afora como uma verdade e, dentro do trabalho da Constelação Sistêmica, da Teoria Familiar, dentro do curso inclusive que você oferece na Morada das Tradições, se busca trabalhar com essa memória real, com aquilo que efetivamente aconteceu e é assustador, como eu vejo no resultado do seu trabalho, que esse processo exige do indivíduo um estado de amadurecimento. Ele automaticamente gera autoconhecimento e compromisso consigo.

Lucilene – Isso. O compromisso consigo é aquilo que você pode fazer na sua vida, porque eu tenho domínio sobre aquilo que eu produzo. Responsabilidade sobre aquilo que eu produzo e eu só vou poder agir no mundo com o conhecimento de quem eu sou, com o autoconhecimento para poder produzir com qualidade. O que na psicologia psicanalítica se chama de “falsas memórias”. Então eu invento, mas realmente não foi aquilo que aconteceu. É importante se criar um olhar de ‘o que eu não tenho agora neste momento?’ ‘O que eu posso produzir?’ E a minha responsabilidade. Como nós falamos nós temos as tradições aqui e o que o Xamanismo nos ensina é que você segura uma ponta de uma teia e você tem que imaginar o mundo como uma grande teia e que você segura uma ponta dessa teia. Olha a tua responsabilidade com aquilo que você segura e com aquilo que você é! Porque o que você fizer com a tua ponta você vai estar interferindo em toda a vida. Então essa auto responsabilidade com a qual nós precisamos passar a olhar para a vida.

Juarez – Uma das coisas que eu admiro muito nessas teorias, Lucilene, é que eles nos colocam nos nosso lugares como filhos, como pais e também nos permitem colocar nossos pais no lugar deles, sem o excesso de responsabilidades que a gente cria e que na realidade eles não tem, tanto quanto responsabilidades que nós não temos com os nossos filhos no sentido mais pesaroso da situação. Então, dentro dessas teorias, nós também nos aliviamos de falsas ideias das relações entre pais e filhos, entre avós e netos, e essa libertação contribui para que a gente assuma o nosso papel como integrantes de uma família: de uma família biológica, de uma família social, de uma família cultural, e que nos permite trabalhar na vida com esse compromisso de sermos parte de uma grande família universal. Parece que essas teorias também chegam a nos perguntar: qual é o papel da família ideal? O que nos cabe fazer para construir a família ideal que todos nós desejamos? Qual é a nossa contribuição para esse cenário da família em grupo, da família à qual nós pertencemos como espécie? É um assunto muito importante e incrivelmente emocionante, Lucilene, porque nos aproxima, de certa forma, de nós mesmos e, consequentemente, quanto mais próximos de nós mais próximos do Ser da humanidade. Uma grande alegria compartilhar este momento de diálogos e reflexões sobre a constituição familiar com você Lucilene e com você que nos acompanha em casa. Continuamos à sua disposição pelo nosso site. Participe conosco desses diálogos, ajude-nos a elaborar ainda mais os próximos diálogos porque estamos à disposição. Nós oferecemos um serviço e vivemos dentro desse serviço humanitário, desse serviço familiar. Um grande abraço e até já.