RESUMO DO LIVRO: A arte de escrever
A- DADOS GERAIS SOBRE O AUTOR E A OBRA
Título da obra: A Arte de Escrever
Nome do autor: Arthur Schopenhauer
Data da 1ª edição: 1851 (na obra Parerga e Paralipomena)
Língua original: Alemão
Tradutor(es): Pedro Süssekind
Data da edição lida: 2023
Data do resumo: Março a Maio/2025
Total de páginas lidas: 151
B – SOBRE O AUTOR DO RESUMO:
Autora: Ingri Terezinha de Medeiros Pozzobon
Professora com experiência nas áreas de Matemática, Administração e Educação Profissionalizante. Atuou nas séries iniciais, no ensino médio e na Educação Técnica do RS. Foi professora e coordenadora nos cursos de Enfermagem e Segurança do Trabalho no Colégio Nossa Senhora de Fátima. Lecionou no Curso de Administração da UFSM. Também atuou como professora e coordenadora nos cursos de Administração da FAMES e FAPAS. Desde 2015, integra o Grupo Morada das Tradições.
C- RESUMO
Sobre o autor Arthur Schopenhauer: nasceu em 22 de fevereiro de 1788, na cidade de Danzig (atualmente Gdańsk, na Polônia), então parte da Prússia. Seu pai, Heinrich Floris Schopenhauer, era um rico comerciante, e sua mãe, Johanna Schopenhauer, tornou-se posteriormente uma famosa escritora e figura proeminente nos círculos intelectuais de Weimar. Estudou filosofia e ciências naturais na Universidade de Göttingen e mais tarde na Universidade de Berlim.
Arthur Schopenhauer defendia que o mundo é uma representação subjetiva, mas, em sua essência, é movido por uma Vontade irracional e insaciável, fonte de todo sofrimento. Propôs a compaixão como base da moral e a arte, especialmente a música, como meio de aliviar a dor. Inspirado pelo budismo e hinduísmo, viu na negação da Vontade o caminho para superar o sofrimento e alcançar a paz. A principal obra de Schopenhauer é O Mundo como Vontade e Representação (1818). Ele incorporou ideias do budismo e hinduísmo, defendendo a negação da Vontade como forma de superação da dor.
Suas obras importantes incluem Parerga e Paralipomena (1851), Sobre a Vontade na Natureza (1836) e Sobre a Liberdade da Vontade Humana (1839). Schopenhauer deixa seu legado ao exercer profunda influência sobre pensadores e artistas, como Friedrich Nietzsche, que inicialmente o venerou, embora posteriormente tenha se afastado de seu pessimismo. Também impactou a psicologia moderna, especialmente Sigmund Freud, pela concepção de forças irracionais que moldam o comportamento humano.
A obra, objeto do presente resumo, apresenta ensaios extraídos de Parerga e Paralipomena (1851), traduzidos por Pedro Süssekind (2023), agrupando-se em: “Sobre a erudição e os eruditos”, “Pensar por si mesmo”, “Sobre a escrita e o estilo”, “Sobre a leitura e os livros” e “Sobre a linguagem e as palavras”, todos com foco na literatura.
“Sobre a erudição e os eruditos” o autor critica a falsa erudição, que se baseia na mera acumulação superficial de informações visando prestígio e lucro, em vez de refletir e buscar a verdadeira sabedoria. Ressalta que muitos estudantes e eruditos, apenas repetem conhecimentos alheios sem assimilação crítica, o que gera um pensamento raso e estéril. Faz crítica ao fato de que, a cada geração, surgem pessoas que desconhecem o saber do passado e, tentam aprender tudo de forma superficial e ainda acreditam que sabem mais do que aqueles que vieram antes. Para o autor o excesso de ler, escrever e ensinar prejudica o pensamento próprio e a verdadeira compreensão.
O autor critica eruditos que estudam por interesse prático, não por amor ao saber, gerando ideias vazias e sem profundidade. Compara a mente de certas pessoas a um sistema digestivo que não processa o que recebe, o conhecimento entra, mas sai sem ser assimilado. Compara o erudito à peruca: cheio de pensamentos alheios, sem originalidade, superficial e incapaz de criar ideias próprias. Denuncia a fragmentação extrema do saber moderno, que limita o especialista a um campo restrito, prejudicando a visão ampla e o entendimento cultural. Aponta também a negligência com as línguas clássicas e os estudos filosóficos, que segundo ele são pilares essenciais para a formação intelectual profunda.
Defende que o conhecimento genuíno nasce do amor sincero pelo saber, e não do interesse financeiro ou social. Propõe reformas educacionais que priorizem a qualidade, o mérito e uma formação sólida, resgatando a dignidade acadêmica e promovendo avanços culturais e científicos verdadeiros. Segundo o autor, na busca egoísta por prestígio, cria-se um ambiente acadêmico viciado, onde o bem comum é negligenciado. Por medo de serem ofuscados, muitos eruditos conspiram para bloquear o surgimento de mentes verdadeiramente brilhantes, comprometendo o avanço do conhecimento. Critica a lentidão da humanidade em reconhecer o verdadeiro valor intelectual e sugere que, enquanto isso, o professor se acomoda às exigências do sistema, enquanto o verdadeiro pensador busca liberdade e autenticidade em seu trabalho.
O “Pensar por Si Mesmo”, o autor destaca que uma biblioteca vasta, porém desorganizada, é menos útil do que uma modesta e bem organizada. Do mesmo modo, muito conhecimento não assimilado por pensamento próprio vale menos do que pouco conhecimento profundamente compreendido, em que o verdadeiro saber surge da reflexão crítica e da integração das ideias. Para ele, o verdadeiro saber nasce da reflexão pessoal, enquanto o conhecimento apenas acumulado é superficial e sem vida. Ler demais, sem pensar por si mesmo, fragmenta o espírito e enfraquece o discernimento.
A continuidade de uma leitura marcada por ideias desconexas de diferentes mentes, tende a fragmentar o espírito, gerando confusão interna e enfraquecendo a clareza e o discernimento. Assim, o excesso de leitura pode enfraquecer a capacidade de pensar por conta própria, habituando o espírito a seguir caminhos já trilhados por outros. Isso demonstra, para ele, que o ser humano só é “pensante” num sentido bastante amplo, pois sua capacidade reflexiva mal ultrapassa a dos animais. O filósofo conclui que muitos vivem alheios às questões essenciais da existência, com uma capacidade reflexiva limitada
Sobre a “Escrita e o Estilo”, distingue dois tipos de escritores: os que escrevem por terem algo importante a comunicar, fruto de pensamentos ou experiências, e os que escrevem apenas por necessidade, geralmente financeira. Quando o leitor percebe essa falta de autenticidade, deve abandonar o livro, pois o autor, nesse caso, engana seu público, fingindo ter algo relevante a dizer apenas para preencher espaço.
Afirma que os honorários e a obrigação de publicar prejudicam a literatura, pois apenas quem escreve pelo valor do assunto cria obras realmente dignas. Seria ideal que existissem poucos livros, mas excelentes. Distingue três tipos de autores. Os primeiros são os que escrevem sem pensar, apenas reproduzindo memórias ou copiando outros livros e, segundo ele, são a maioria. Há também os que pensam enquanto escrevem, mas apenas o suficiente para produzir, sendo igualmente numerosos. Por fim os que pensam antes de escrever, e só o fazem porque já refletiram profundamente: esses, afiram ele, são raros.
Para o autor um livro nunca passa de uma expressão dos pensamentos do autor. O valor desses pensamentos pode estar na matéria, no tema abordado, ou na forma como ele foi elaborado. O mérito de um escritor aumenta quanto menos ele depende da matéria e mais da elaboração original sobre temas comuns, como fizeram os grandes tragediógrafos gregos, nos quais o estilo é a verdadeira fisionomia do espírito, mais autêntica do que a aparência física. Imitar o estilo de outro é como usar uma máscara: por mais bonita que seja, logo se torna artificial e sem vida.
Observa que poucos escritores planejam seus textos como um arquiteto projeta uma construção, com esboço e análise prévia. A maioria escreve como quem joga dominó: conectando frases por acaso ou intenção momentânea, sem saber claramente o resultado final. Essa falta de planejamento reflete a pressa e a superficialidade da vida moderna, marcada pela frivolidade e pelo desleixo na literatura.
Sobre a “Linguagem e as Palavras”, destaca que a linguagem humana distingue-se da voz dos animais, pois enquanto estes expressam apenas impulsos e estados momentâneos, a linguagem humana permite a transmissão do conhecimento, do pensamento e da reflexão. As palavras são o meio pelo qual o homem dá permanência a sensações, ideias e pensamentos, constituindo o material mais duradouro do espírito humano. Compara a vida da língua ao ciclo de uma planta: germina, cresce, floresce e declina, sendo seu desenvolvimento silencioso e invisível, perceptível apenas em seu declínio.
Ressalta que não há correspondência exata entre as palavras das diferentes línguas, tornando as traduções inevitavelmente imperfeitas, especialmente na poesia, onde somente recriações poéticas são possíveis, embora sempre duvidosas. Mesmo as melhores traduções em prosa são comparadas à transposição musical, mantendo a estrutura, mas alterando o efeito. Por isso, para o autor toda tradução é considerada uma obra morta, com estilo rígido ou, ao buscar liberdade, trai a fidelidade do original. Assim, uma biblioteca formada só por traduções não possui a vitalidade das obras originais. O aprendizado de línguas estrangeiras enriquece o espírito, pois novas línguas introduzem conceitos mais precisos e diferentes relações figurativas, oferecendo novas perspectivas sobre a realidade.
D – PALAVRAS-CHAVE: Escrita. Leitura. Erudição. Estilo. Literatura. Reflexão.