RESUMO DO LIVRO: Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os humanos
A- DADOS GERAIS SOBRE O AUTOR E A OBRA
Título da obra: Ethos Mundial: um consenso mínimo entre os humanos
Nome do autor: Leonardo Boff
Data Primeiro edição: 2000
Língua original: Português
Tradutores(as): N/A
Páginas lidas: 124
Data do Resumo: 10/03/2023
Data da edição lida: 2009
obs: dado extraído de pesquisa realizada no Google, pois a ficha catalográfica não traz referência a edição. Em 2000 foi publicado pela Editora Letra Viva, em 2003 pela editora Sextante e o livro utilizado nesta ficha de leitura em 2009 pela editora Record. Realizada a comparação e as obras são idênticas.
Sobre o autor do resumo: Sandra Mara da Silva Monteiro
Psicóloga, Mestra em Políticas Públicas. Atuando como psicóloga clínica, pesquisadora nas temáticas: comportamento humano, implementação de políticas públicas, políticas indigenistas, burocracia de médio escalão. Integrante do Grupo Morada das Tradições.
C- RESUMO
Este livro foi escrito por Leonardo Boff, um teólogo, filósofo e professor universitário expoente espiritualidade no Brasil em temas como ética, ecologia e o autor propõe uma reflexão sobre como construir um consenso ético mínimo entre todos os seres humanos para salvaguardar a humanidade da destruição. Segundo ele, estamos vivendo um processo evolutivo rumo à constituição de uma sociedade mundial; esse processo inaugura uma nova etapa na história da Terra, aqui compreendida como Gaia (Mãe-Terra, ente protetor e gerador). Contudo, esse curso evolutivo pode ser interrompido caso não seja estabelecido um consenso ético planetário mínimo entre todos. A esse consenso mínimo ele chama de Ethos Mundial e refere três problemas de dimensões planetárias que comprometem o estabelecimento deste Ethos, a saber: a crise social, a crise do sistema de trabalho e a crise ecológica.
A questão central que move as interlocuções apresentadas é de criar um consenso mínimo sobre valores éticos, válidos para todos os humanos, agora reunidos num único lugar, no planeta Terra, que nos possam debelar três questões globais: a social, a do desemprego estrutural e a (Boff, 2009, p.9).
O tema é desenvolvido em dois grandes tópicos: o primeiro no qual ele contextualiza sobre o ethos mundial com seus dilemas e possíveis soluções; o segundo, em que ele explana sobre quais são os imperativos mínimos básicos para o comportamento humano que asseguram uma nova ordem mundial, um estado de despertar da consciência humana. Dentre estes dois grandes tópicos, Boff (2009) enfatiza alguns temas principais que compreendem os capítulos apresentados: urgência de um Ethos Mundial; problemas globais, soluções globais; elementos que fundam a ética planetária; princípios e valores éticos da Carta da Terra; imperativos mínimos de uma ética mundial; ética do cuidado; ética da solidariedade; ética do diálogo; ética holística e virtudes de um Ethos mundial.
Inicialmente, contextualiza cada um dos problemas globais que desencadearam as referidas crises e apresenta propostas para conduzir o enfrentamento destas. Cabendo ressaltar que a própria crise é concebida como contendo em si as oportunidades de superação, de transformação, de mudança de patamar de consciência, como ele mesmo enuncia.Ao mesmo tempo em que o autor aponta uma questão muito preocupante, ele apresenta uma possibilidade que a crise proporciona, o despertar da consciência, das potencialidades humanas. Aquilo que pareceria criativo o ser humano dar um salto de qualidade nas suas vidas. Segundo Boff (2019, p.14).
Debate sobre a crise do sistema de trabalho, destacando as novas formas de produção automatizadas que tendem a dispensar o trabalho humano, resultando na destruição de postos de trabalho e na criação de uma população excluída. Ele sugere que essa mudança na natureza do processo tecnológico demanda um novo padrão civilizatório, questionando se o desenvolvimento futuro ocorrerá sem a necessidade de trabalho. Em vez disso, a preocupação central se tornaria o ócio e como torná-lo criativo e realizador das potencialidades humanas. O texto vislumbra um retorno ao trabalho como uma atividade criadora, uma expressão da plenitude da humanidade.
A obra levanta questões essenciais sobre o futuro da sociedade diante das transformações tecnológicas e do trabalho. Ao questionar se estamos preparados para um salto de qualidade rumo à plena expressão humana, o autor nos faz refletir sobre a necessidade de repensar não apenas a forma como concebemos o trabalho, mas também o significado do ócio e da criatividade em nossa sociedade. Essa reflexão é crucial para garantir que as mudanças tecnológicas não apenas aumentem a eficiência econômica, mas também promovam o bem-estar e a realização pessoal de todos os membros da sociedade.
Aborda a questão do uso e abuso dos recursos naturais de forma egoísta e desprovida de uma consciência ampliada. Destaca que a natureza é o conjunto de todas as energias cósmicas em processo de materialização ou desmaterialização, e que o ser humano é parte integrante e interveniente nesse processo.
Aponta que na natureza encontramos possibilidades de regeneração, sinergia e utilização ótima dos recursos, contrastando com a visão atomizada e tecnificada da sociedade atual. O autor busca dialogar sobre a temática da ética e da moral trazendo os conceitos elaborados por diferentes autores, desde filósofos gregos até autores mais contemporâneos. Enunciando a apresentação dos princípios que norteiam científicos e por governo Explora a relação entre ética e natureza humana, destacando-a como essencial e uma expressão das potencialidades ontológicas do ser humano, que podem ser despertadas. Ele enfatiza que toda ética surge de uma nova perspectiva, nascida de uma profunda imersão na experiência do Ser e de uma percepção renovada da interconexão de todas as coisas com a Fonte primordial da existência. O autor ressalta a importância de manter conscientemente essa união intrínseca que sempre existiu e compreender a Terra como uma totalidade complexa e interligada, incluindo tanto aspectos físicos, químicos e biológicos quanto socioculturais e espirituais. Ele argumenta que não existe separação entre a Terra e a humanidade, mas sim uma integração orgânica e sistêmica, formando nossa casa comum.
Após, o autor menciona a relevância de todos os conceitos discorridos até o momento, mas entende ser esta uma visão limitada, complementando com a apresentação da sua visão particular sobre como construir uma ética planetária que respeite a vida em toda a sua amplitude. Fazendo um apelo para que o ser humano manifeste o que há de melhor em si, a sua essência espiritual. Trazendo a ética do cuidado e da solidariedade, como elementos essenciais da natureza humana, como imperativos para a constituição de uma ética mundial capaz de superar a crise social, a crise do trabalho e a crise ecológica e salvaguardar o planeta Terra.
Destaca a urgência de construir uma plataforma comum para vivermos como seres humanos, criando certos consensos, coordenando certas ações, coibindo certas práticas e elaborando expectativas e projetos coletivos.
Validando as ações através de uma ética planetária que congrega a todos.Propõe ressuscitar o tema do bem comum, não apenas em termos sociais, mas também ecológico-sociais, destacando a importância de preservar não apenas o bem da sociedade, mas também o bem da Terra como um sistema. Destaca a necessidade de proteger os diversos ecossistemas, culturas em extinção e garantir o equilíbrio global do sistema-Terra para garantir a continuidade da vida em todas as suas formas. Aponta como sendo antinatural o preconceito e todas as formas de discriminação e de exclusão.
Propondo a tomada de consciência a começar pelo rompimento com toda e qualquer forma de exclusão, afirma ser fundamental para que a paz e a solidariedade se estabeleçam.
Enfatiza a importância do cuidado humano em vez da seleção, destacando que todos devem ser protegidos e não marginalizados em prol de interesses de grupos ou culturas ambiciosas. O cuidado é apresentado como parte essencial da natureza humana, expressando-se através da razão cordial e respeitando o mistério presente em cada ser do universo. Ele promove uma ligação afetiva entre as pessoas e as coisas que são objeto de cuidado, gerando preocupação e responsabilidade.
O autor argumenta que o cuidado e a solidariedade são fundamentais para garantir o futuro da vida e da humanidade, promovendo a paz entre os povos. Destaca que o cuidado não se limita apenas aos seres humanos, mas também abrange todos os seres vivos e o planeta Terra como um sistema integrado. Ele ressalta a responsabilidade coletiva dos seres humanos, juntamente com as forças do universo e da natureza, pelo destino da humanidade e do planeta.
Para concluir, segundo Leonardo precisamos de um consenso mínimo sustentado pela razão cordial, pelo cuidado essencial, pela reverência em face de cada realidade, da Terra e do cosmos. Essa atitude significa o ethos básico que poderá dar origem a muitas expressões morais, consoante à diversidade das culturas, das tradições e dos tempos. Mas todas elas devem expressar o mesmo ethos e a mesma boa-vontade fundamental de servir à vida, defendê-la, expandi-la e permitir que ela continue a fazer sua trajetória no universo rumo à Fonte originária de toda(Boff, 2009, p.110) Aponta com ênfase a manutenção do diálogo entre todos na verdadeira acepção da palavra, na qual duas inteligências se comunicam e encontram um ponto comum que seja benéfico para o todo e não somente para parte. Sendo o caminho da libertação um processo que precisa ser realizado pela própria pessoa, cada um tornando-se protagonista da própria vida e se aliando aos demais seres para que todos lutem por um único objetivo comum.
D-PALAVRAS-CHAVE
Visão sistêmica. Ética planetária. Ócio criativo. Carta da Terra. Ética holística.
Bem comum. Razão cordial. Solidariedade