RESUMO DO LIVRO: A ORDEM DO DISCURSO
A- DADOS GERAIS SOBRE O AUTOR E A OBRA
Título da obra: A ordem do discurso
Nome do autor: Michel Foucault
Data da edição lida: 1970
Língua original: Francês
Tradutores(as): Laura Fraga de Almeida Sampaio
Páginas lidas: 05/74
Sobre o autor do resumo: Maria Fernanda Kauling
Advogada e mediadora extrajudicial atuante na área de direito de cível e direito ambiental. Consultora empresarial na área de responsabilidade ambiental. Professora, Doutora em Gestão Ambiental pela Universidade Positivo/Curitiba. Integrante do Instituto Morada das Tradições, atuando como sua presidente desde 2016.
C- RESUMO
O texto é a aula inaugural de Foucault no Collège de France, em 02 de dezembro de 1970, a maior Instituição de Ensino da França, na cadeira que foi de seu professor Jean Hyppolite. Na apresentação, Foucault apresenta os temas que regem seu trabalho e que gostaria de desenvolver na Universidade pelos próximos anos.
Foucault inicia sua fala “Ao invés de tomar a palavra, gostaria de ser envolvido por ela e levado bem além de todo começo possível. Gostaria deperceber que no momento de falar uma voz sem nome me precedia há muito tempo” (FOUCAULT, 2014, Pág. 5). Com este início, o autor expõe o entendimento de que, em sua fala, existem poderes que estão além dele; que existem por trás dos discursos muitos fatores que influenciam o discurso; a ordem do discurso no sentido de “quem realmente está dizendo o que está sendo dito?” “quem está ordenando este discurso?”. Então, passa a descrever os procedimentos nos quais seu estudo se fundamenta, procedimentos que influenciam os discursos para identificar-se de onde está vindo a “ordem do discurso”.
Três grupos de procedimentos de controle do discurso são apresentados no livro. Primeiro, os procedimentos de exclusão, definidos como controles externos ao discurso, funcionam como sistemas de exclusão concernentes à parte que põe em jogo o poder e o desejo. Interdição “palavra proibida”, revela a ligação do discurso com o poder e o desejo e são de três tipos que se cruzam, se reforçam e se compensam: tabu do objeto, ritual da circunstância, direito privilegiado (exclusividade do sujeito); separação e rejeição (metáfora da loucura) através dessa separação e rejeição que existe a aceitação (conceito dialógico), situações que excluem os discursos, por serem “malditos”; cisão entre o verdadeiro e falso: “vontade de verdade”, a forma como as pessoas buscam o conhecimento ao longo da história. Quando se considera um discurso como verdadeiro, excluem-se todos os outros.
Em segundo, os procedimentos internos equivalem aos discursos controlando a si próprio, exercem controle, classificam, ordenam e distribuem o que diz respeito ao acontecimento e ao acaso do discurso.
Estes procedimentos são recursos infinitos para a formação de outros discursos, mas necessário considerar seu caráter coercitivo. O comentário surge a partir da repetição, do renascimento em outros discursos daqueles discursos primários.
Tem um papel solidário, pois permite a construção de novos discursos e permite dizer o que estava silenciado. O autor, princípio de agrupamento do discurso como unidade e origem de suas significações, como foco de sua coerência gira em torno da individualidade do autor. As disciplinas, definidas por um domínio de objetos, um conjunto de regras, sistema anônimo a disposição de quem quer ou pode servir-se dele sem vinculação com quem seja seu inventor. Possibilidade de formular indefinidamente proposições novas. Para uma proposição pertencer a uma disciplina não basta ela ser verdadeira, é preciso estar inserida no que é considerado como verdadeiro em determinado contexto histórico.
Em terceiro, os procedimentos de controle ou rarefação, referindo-se a como os discursos funcionam, da imposição de regras aos indivíduos que os pronunciam: rituais, quais os indivíduos que podem proferir o discurso, propriedades e papeis dos que falam, por exemplo sentença por juiz, sacramento por padre; sociedades do discurso, grupos para conservar e reproduzir o discurso para fazê-lo circular em meio fechado, limite de acesso.
Só os membros da sociedade sabem identificar o discurso; doutrina, agrupam todos que aceitam e reconhecem aquelas verdades, proferem discursos semelhantes; apropriação social, forma de manter ou modificar a apropriação social do discurso (ex: sistemas de educação).
O método apresentado por Foucault se baseia nos princípios como bases que devem regular as análises discursivas: inversão, fatores considerados como positivos e inverter, ver o lado coercitivo dos fatores; descontinuidade, os discursos devem ser tratados como práticas descontínuas que podem se cruzar, mas podem também se excluir ou se ignorar; especificidade, não tornar o discurso um jogo de significações prévias, como se estivessem na essência das coisas. O discurso é uma violência que fazemos à natureza das coisas, por essa violência que os acontecimentos do discurso encontram sua regularidade; exterioridade, deve se buscar condições externas de possibilidades, o que acarreta, fixa as fronteiras, através dessa exterioridade é que podem se operar os mecanismos de poder e desejo.
Seguindo esses princípios e referindo-se ao horizonte traçado, Foucault se propõe a fazer dois tipos de análises: i) análise crítica = inversão, que coloca em prática o princípio da inversão, considerando as formas de exclusão, limitação e apropriação do discurso para entender como esses princípios se modificam ao longo do tempo. De que forma esses instrumentos possibilitam relações de poder e desejo; ii) análise genealógica = que coloca em prática os princípios de formação do discurso. Como são formados através, apesar oucom o apoio dos princípios de coerção. Como esses discursos se criam de forma descontinua e irregular. As diferenças não são objeto ou domínio, mas as perspectivas pelas quais se analisa o discurso devem ser alternadas para se complementarem.
Na parte final do livro, Foucault faz menção à contribuição e influência da obra de Jean Hyppolite que o antecedeu na cadeira no Collège de France.
D – PALAVRAS-CHAVE
Poderes. Verdade. Controle. Desejo. Sociedade. Exclusão.