RESUMO DO LIVRO: A complexidade na educação e na organização do trabalho formal: uma perspectiva epistemológica atual

A- DADOS GERAIS SOBRE O AUTOR E A OBRA

Título da obra: A complexidade na educação e na organização do trabalho formal: uma perspectiva epistemológica atual

Nome do autor: Juarez Francisco Da Silva

Data da edição lida: 2015

Língua original: Português

Tradutores: N/A

Páginas lidas: livro completo

Sobre o autor do resumo: Gladys Milena Berns

Psicóloga, doutora e mestre em Engenharia e Gestão do conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, com ênfase em coaching e formação de equipes. Atuação profissional como psicóloga, professora, pesquisadora e mentora na área de gestão de pessoas e desenvolvimento humano organizacional. Integrante do Grupo Morada das Tradições.

C- RESUMO
O livro é organizado em seis sessões, mais as referências bibliográficas e os anexos. Após a introdução, são apresentados quatro capítulos: um pouco da biografia de Edgar Morin e a proposta do pensamento complexo, a pesquisa fenomenológica de uma ideia transdisciplinar e a base que sustente a complexidade. “As considerações e reflexões” é o título dado à última sessão. O autor incluiu ao final dois anexos sobre a proposta de pesquisa transdisciplinar abordados na obra.
A obra é escrita sob o olhar da psicologia, em especial a psicologia analítica de Jung. A teoria da complexidade (e seus fundamentos) é abordada e apresentada como um processo teórico em formação, e já se mostra, segundo o ator, possível de ser relacionar com a educação e com as organizações formais do trabalho. Ao final, Da Silva (2015) explicita que a área da educação, é também organização formal, responsável pelo processo da educação. Por ser um estudo feito a partir do olhar da psicologia, um dos objetos estudados é a vida do pesquisador Edgar Morin, especialmente seus sonhos e estados oníricos, que aproximou três teorias vigentes para justificar a sua maneira complexa de olhar a vida. A vida de Edgar é apresentada tanto no primeiro capítulo, quanto em subseções do quarto capítulo, que usa informações descritas no primeiro para fazer a relação teórica com a psicologia e interpretação dos sonhos.
Da Silva (2015) apresenta em uma parte do livro os conceitos psicológicos de Freud (Id, Ego e Superego) e Jung (Inconsciente pessoal, Inconsciente coletivo, si-mesmo, Si-mesmo, arquétipos, animus e anima). E atribui atenção ao entendimento de consciente e inconsciente, de animus e animas de Jung, na relação com o processo de individuação e relação do sujeito com o todo, uma vez que o foco é a complexidade da vida.
Da Silva (2015) faz a leitura respeitosa de Edgar Morin ao longo de sua vida e descreve os quatro estágios de desenvolvimento de sua anima ao longo de sua história. Destaca que mesmo os momentos de dor e dificuldade foram experiências importantes para o seu amadurecimento emocional, consequentemente, espiritual. Cada passo foi importante para a construção do pensamento complexo e todas as suas contribuições intelectuais para a ciência, que permitiram a expansão do entendimento sobre o funcionamento da vida e em especial sobre o ser humano.
Com relação à complexidade Da Silva (2015) dedica vários capítulos e apresenta desde sua origem (cap. 2) até a fundamentação teórica (cap. 4),passando pela pesquisa, ideias transdisciplinares e hermenêutica de uma episteme da complexidade formulada por Morin. Segundo o autor, as ideias da complexidade trabalhadas por Morin tem origem em diferentes ciências e disciplinas.
Ao apresentar a pesquisa e o desenvolvimento transdisciplinar realizado por Morin, Da Silva (2015), descreve de forma evolutiva como se deu a construção conceitual do pensamento complexo que teve três períodos. O 1º período foi o da reorganização genética e o princípio dialógico – quando Morin trabalhou a associação complexa, o juntar e o entrelaçar; O 2º período foi o trabalho com a compreensão do processo recursivo – a interação e a retroação (causa e efeito), na recursividade se entende que o efeito ocorre por sua causa, que é causa pelo efeito; e o 3º período da reorganização genética e a cibernética, com o estudo da teoria dos sistemas e da informação. Foi quando Morin refletiu e incorporou a ideia de todo e parte – “a totalidade é mais que a soma das partes, ou menos (…)” (Da Silva, 2015, p. 30). São discutidos de forma breve os termos da disciplinaridade, interdisciplinaridade e a pluridisciplinaridade, para diferenciar a transdisciplinaridade, baseada em Piaget e Nicolescu, influenciadores de Morin.
Com relação aos fundamentos da complexidade, Da Silva (2015) descreve o objetivo do método para Morin e as pesquisas desse a respeito da natureza e do mundo físico, que inspiraram as bases teóricas da complexidade (eg.: termodinâmica, microfísica e cosmos). São listados pensadores e fundamentos teóricos que foram estudados por Morin e que contribuíram para construção do pensamento complexo: Hegel, Carnot e Clausius, Boltzman, Prigogine, Ullmo e Thom. A evolução é pensada não mais no sentido simples de ascensão, e sim como um processo que envolve degradação e construção.
Um potencial organizador que envolve ordem e desordem e características antagônicas e complementares. Isso é essencial para o entendimento da “gênese do método da teoria da complexidade de Morin” (Da Silva, 2015, p.36).
A educação é um tema abordado tanto sob o olhar de organização formal do trabalho, quanto pelo olhar de seu papel na teia da vida. Da Silva(2015) discute a necessidade de o educador trabalhar o seu autoconhecimento e ter talentos que o habilitem para a função de educar. A área da educação “(…) somente pode receber como educador aquele que antes possui consistente processo de educação consigo mesmo” (p. 120). E reforça que as certificações técnicas e as experiências profissionais não são suficientes para garantir um processo de transmissão do conhecimento adequado. E isso se justifica em especial pelo fato do ser humano relacionar inconscientemente símbolos e significados. Isto é, o que de fato é transmitido não é do campo da consciência, ou da simples atuação. O que se transmite (na relação, inclusive nas relações profissionais e educacionais) é a “forma como verdadeiramente aquele que transmite se relaciona com a experiência do trabalho ou de como se projeta nele educacionalmente” (p. 120).
No capítulo da reforma da educação, Da Silva (2015) descreve reflexões de Morin (2010) e, a partir dele, cita também outros autores como Paulo Freire, Santos e De Aguiar, sobre a reforma necessária nos sistemas de ensino para que a teoria da complexidade e a epistemologia da transdisciplinaridade seja construída sistematicamente e aplicada, de forma que tanto a humanidade quanto o ser humano evoluam não só no sentido de ascendência. Em especial, que o ser humano compreenda a si mesmo e possa, então (porque só assim é possível) compreender de fato o que está fora (de si). É neste capítulo que são descritos os sete saberes que debatem sobre os sete buracos negros ou problemas da educação: o conhecimento, o conhecimento pertinente, a condição humana, a compreensão humana, a incerteza, a era planetária e a antropoética. O capítulo propõe também uma reflexão sobre o papel do educador.
Há uma ocupação em descrever a complexidade e o conceito de organização. Neste capítulo, o autor faz uma fundamentação sobre o conceito de Organização para a teoria da complexidade. O tema é abordado de forma complexa e fica explícito a importância de no título do livro especificar “organização formal do trabalho”. Com base em Morin, Da Silva, apresenta uma série de conceitos e expressões que são utilizadas para explicar oconceito de organização. São abordados e discriminados logo no início do capítulo os termos: inter-relação, sistema e organização. Além destes os conceitos de máquina, práxis, competência, ambiente, ecossistema, ecologia, biologia molecular, ser, indivíduo, vida, cibernética, comunicação, informação, observador, entropia, neguentropia, cultura e signos (imaginários) são discutidos e descritos com uma clareza na linguagem que, ao ser feita com precisão, evidencia a necessidade de uma evolução dos textos ditos científicos.
Ao falar sobre as organizações formais do trabalho, algumas críticas ocorrem sobre as teorias organizacionais e da Administração. Desde a abordagem integrativa, os instrumentos conceituais e os meios de investigação. A linguagem que é utilizada, parece não ter a atenção adequada e pertinente, o que causa confusão e desentendimento com relação ao que de fato precisa ser dito. Parece também, segundo o que se entendeu das afirmações de Da Silva (2015), que há uma submissão ao que se espera que seja dito e feito, por consideração à visão capitalista e da relação comercial entre diferentes organizações e países. A crítica que se destaca na leitura é a de que as teorias administrativas, consideram o ser humano como simples recurso e não com um ser complexo e que na relação com as organizações e com a vida, impacta e é impactado de forma única. Além disso, segundo o autor, não é possível fazer a análise simplista de que a organização pode ser analisada como um organismo vivo, analogamente a um indivíduo, uma vez que ela própria é composta por vários indivíduos complexos.
A relevância, ou em uma linguagem mais pontual, a necessidade do autoconhecimento, é abordada em vários momentos do livro. “No pensamento complexo é necessário aproximar o objeto conhecente, pois o saber transforma o observador, para Morin (2010). Se o objeto é aproximado para o saber que transforma o observador, então provavelmente ocorre a produção do autoconhecimento na e da vida” (Da Silva, 2015, p. 66). Vale lembrar que a teoria de base do autor, Da Silva, é a psicologia, por isso, há uma atenção na consideração pelo sujeito, pelo indivíduo que compõe a vida e é uma parte no todo que a complexidade estuda. O texto fala sobre a espiritualidade, sobre a consciência, que embora não tenha acesso liberado ao inconsciente, é por elealimentado e precisa ser ampliada. A espiritualidade não pode ser separada do indivíduo, da ciência e da vida física, assim como a complexidade não permite uma análise simplista e parcial.
A frase “o sujeito é a qualidade própria do ser humano consciente (…)” (Morin apud Da Silva, 2015, p. 72) chama atenção para a necessidade de que o ser humano exerça seu papel na teia da vida, ele precisa estar consciente de quem é.
Estar consciente dos seus talentos e do que lhe cabe nesta grande organização (formal?) que é a natureza. Esta, por sua vez, pode ser melhor compreendida, de forma mais abrangente e real, por meio da transdisciplinaridade e da complexidade, embora não possa ser compreendida na totalidade, uma vez que a parte não alcança compreender o todo em seu todo.

D – PALAVRAS-CHAVE
Formação do professor. Educador. Gestão de pessoas. Profissionalização. Psicologia.
Interpretação dos sonhos. Autoconhecimento. Transdisciplinaridade.